quarta-feira, agosto 22, 2007

Minha Pequena



Não tinha nome. O nome que se dão às coisas para chamarmos sempre por elas, quando nos apetece, quando nos lembramos. Uma forma de nos recordarmos que existem...têm nome. E eu, não tinha nome. Talvez, se tivesse, era flores, era chuva, era sol, era qualquer coisa de vida que habita nelas. Nunca tive nome, por isso, nunca me souberam chamar...agora esqueceram-me. Sou nada em um pouco de tudo. Acreditas em mim! Então, porque estendes a mão na esperança que te conserve, minha pequena inquieta. Não sou as tuas respostas. Por não ser nada sempre fui um pouco de tudo, a vida que chamas com muitos nomes de incerteza.
Por seres feita à minha imagem, não te fiz perfeita? Se te fizesse perfeita, matar-te-ias para que os outros homens te olhassem, fieis servos, de um mundo onde não pequei!?
Porque me procuras fora de ti, como se não estivesse em ti, minha pequena? Porque achas que és o barro por modelar, por colar...serei eu o teu escultor? Faz das tuas mãos, onde ainda corre sangue quente de vida, o teu escultor. Nelas, ainda habita um pedaço de vida que nós somos. Molda com elas aquele que por não ter nome certo, tem tantos nomes, a alma, a mente, o interior de nós.


(Este texto surgiu na continuação do outro que escrevi anteriormente, acaba por ser uma espécie de resposta à personagem do outro texto.)

1 comentário:

Monica disse...

Ao nivel do anterior ou até melhor. Afinal fazer de Deus não deve ser fácil. Depende do respeito que se tem por ele.

Mas gostei muito mesmo. Deveras interessante :)

beijinho**